NA EXPANSÃO DO COVID-19
A consultora PSE fez uma análise cruzando a taxa de contaminação covid-19, em cada concelho, com a mobilidade real das populações. A mobilidade é medida através do Painel de Mobilidade PSE, que por meio de um painel, com uma APP instalada nos telemóveis, consegue saber a deslocação real da população, em cada hora do dia. Este estudo é realizado 24 horas por dia, todos os dias do ano, desde 2019.
Se o isolamento é a grande arma contra a expansão da covid-19, é importante saber se a alteração de comportamento de mobilidade dos portugueses tem produzido efeitos.
Nos diferentes municípios portugueses existem diferentes realidades de mobilidade em períodos normais. Existem municípios em que os residentes têm claras necessidades de deslocações intermunicipais, outros são grandes centralidades que recebem diariamente residentes de outros concelhos, e existem ainda situações mistas.
Com este estudo da PSE sobre a mobilidade real, é possível determinar que concelhos estão a ser mais, e menos cumpridores, da recomendação de isolamento voluntário, e perceber se as alterações dos comportamentos de mobilidade antes e depois das orientações de isolamento tiveram impacto na progressão da covid-19.
CONFINAMENTO E CRESCIMENTO DE CASOS
Tendo por base o relatório da DGS de 11 de abril e o crescimento de casos desde 27 de março, nesta análise vemos a relação entre o aumento do confinamento e a taxa de crescimento de casos.
Nesta análise de 45 concelhos que representam 57% da população portuguesa e 65% dos casos reportados a 11 de abril vemos que tendencialmente os concelhos que maior alteração de comportamento tiveram no sentido do confinamento, apresentam em média menores crescimentos de casos neste período.
Fonte: PSE, Painel de Mobilidade, Informação de 1 de Janeiro até 11 de abril de 2020.
Para a quantificação de casos de contaminação foi usado o Relatório COVID-19, da DGS, de 11 de abril de 2020.
Apesar da taxa de contaminação depender também de outros fatores, podemos ainda assim ver a correlação entre a taxa de confinamento e o crescimento de casos.
CIRCULAÇÃO E CRESCIMENTO DE CASOS
De idêntica forma, para além do comportamento dos residentes nestes 45 municípios, podemos ver a alteração antes e depois do isolamento da circulação de não-residentes.
No caso, quanto menor foi a redução de circulação de não-residentes, menor tendencialmente o crescimento de casos.
Fonte: PSE, Painel de Mobilidade, Informação de 1 de Janeiro até 11 de abril de 2020.
Para a quantificação de casos de contaminação foi usado o Relatório COVID-19, da DGS, de 11 de abril de 2020.
CONTIGUIDADE GEOGRÁFICA E CASOS POR 100.000 HABITANTES
Se analisarmos a relação entre o número de casos por 100.000 habitantes e o número de casos por 100.000 habitantes nos municípios contíguos, vemos que tendencialmente, municípios que têm municípios vizinhos com maior número de casos por 100.000 habitantes têm também mais casos.
Vemos também que Ovar é um município que sai fora da média desta relação de Casos e População, tendo-se perfeitamente justificado a imposição atempada de uma cerca sanitária ao município como medida preventiva de contágios adicionais, dada a relação existente entre a penetração da Covid-19 na população e a contiguidade geográfica.
Fonte: PSE, Painel de Mobilidade, Informação de 1 de Janeiro até 11 de abril de 2020.
Para a quantificação de casos de contaminação foi usado o Relatório COVID-19, da DGS, de 11 de abril de 2020.
ÍNDICE DE RISCO COVID-19 POR MOBILIDADE
Combinando as alterações de comportamento dos residentes dos concelhos, e da circulação de não-residentes, podemos visualizar num índice de risco que os diferentes municípios apresentam diferentes riscos de progressão da COVID-19. Podemos ver no gráfico, considerando os 45 municípios abrangidos neste estudo, que representam 57% da população e onde estão situados 65% dos casos Covid-19 reportados a 11 de Abril, que os municípios com maior alteração de comportamento são os que menor risco por mobilidade apresentam.
CONTACTO PSE:
info@pse.pt
NOTA TÉCNICA: Este estudo é o painel de mobilidade da PSE, com recolha de dados contínua através de monitorização de localização e meios de deslocação via aplicação móvel de um painel de indivíduos representativos do Universo com mais de 15 anos, residente nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, Litoral Norte, Litoral Centro e Distrito de Faro. Para um universo de 6.996.113 indivíduos residentes nas regiões estudadas (81% da população com 15 e mais anos de Portugal Continental), a margem de erro imputável ao estudo é de 1.62% para um intervalo de confiança de 95%.